No ano de 1535, Vasco Fernandes Coutinho desembarcou no Brasil para
tomar posse da capitania recebida de Portugal. Começava aí a história da
cidade de Vila Velha, a primeira cidade do Espírito Santo. Algum tempo
depois, os constantes ataques indígenas forçaram os moradores da vila a
refugiarem-se em uma ilha (futuramente a cidade de Vitória). Assim, a
vila foi sede da capitania até por volta de 1550, quando foi transferida
para Vitória e o município passou a ter o nome atual. Por ser a cidade
mais antiga do Estado, possui construções do século XVI, como o Convento
da Penha e a Igreja do Rosário; do século XVII, o Forte de São
Francisco Xavier e do século XIX, o Farol de Santa Luzia.
No dia 23 de maio de 1535, a caravela Glória lançava âncoras em uma
pequena enseada em Vila Velha, hoje denominada Prainha, localizada entre
os morros da Penha e do Inhoá. Faziam parte da tripulação, além do
donatário da capitania, cerca de sessenta homens, entre fidalgos,
nobres, colonos distintos e outros. Vila Velha foi chamada inicialmente
de "Vila do Espírito Santo", em decorrência da data em que aqui chegou o
donatário da capitania - era domingo, dia em que a Igreja Católica
celebrava a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, razão pela qual o
donatário batizou toda a capitania com o nome de Espírito Santo. Hoje,
nesta data comemora-se a Colonização do Solo Espírito-santense com
desfiles militares em Vila Velha, para onde se transfere, nesse dia, a
sede do governo do Estado.
A partir de 1550, com a mudança da sede da capitania para a ilha de
Vitória (atual capital do Estado do Espírito Santo), a Vila do Espírito
Santo passou a se chamar "Vila Velha do Espírito Santo" e a ilha de
Vitória, "Vila Nova de Nossa Senhora da Vitória". Somente no ano de
1958, o município foi oficialmente reconhecido como Vila Velha. Hoje, o
município é constituído por cinco distritos: Centro, Argolas, Ibes, São
Torquato e Jucu.
Para se ter idéia da economia do município, ainda em 1550, devido à
criação de acordos comerciais com Portugal e Angola, foi aberto um
armazém alfandegado em Vila Velha, e daí começam os primeiros traços da
economia do Estado. De acordo com os especialistas, a economia capixaba
surgiu com forte presença da agricultura, item que permaneceu como
grande sustentáculo das divisas capixabas até o século XX. Atualmente, a
capital histórica do Espírito Santo, possui um mercado imobiliário
forte, um consolidado pólo de confecção e cresce vertiginosamente no
setor de comércio exterior, com seus terminais portuários. Cerca de 90%
das mercadorias que são escoadas pelo Espírito Santo passam pela cidade.
Todo este histórico de Vila Velha, que se confunde com a própria
história do Brasil, fez com que a cidade apresente, além de bons índices
econômicos, inúmeras belezas naturais e monumentos centenários. Neste
ultimo grupo, um dos mais belos cartões postais da cidade e até mesmo do
estado é o Convento Nossa Senhora da Penha, considerado um patrimônio
histórico e religioso, símbolo de devoção a Nossa Senhora da Penha, além
de ser um dos importantes pontos turísticos do município. Conta a
história que quando o Frei Francisco Pedro Palácios, fundador do
Convento, chegou a Vila Velha, trazia consigo um painel de Nossa Senhora
com o Menino Jesus no colo. O Frei, por ser seguidor da ordem de São
Francisco, se abrigou na gruta conhecida atualmente como Gruta do Frei
Pedro Palácios. Segundo conta a lenda, o painel de Nossa Senhora
desapareceu por três vezes consecutivas e foi reencontrado no alto de um
penhasco (a 154 metros) entre duas palmeiras numa região compreendida
entre o Morro do Moreno e a Enseada da Praia. Exatamente naquele ponto,
por volta de 1560, o frei dedicou-se à construção de uma capela que
ficou conhecida como "Ermida das Palmeiras". Quase um século mais tarde,
em 1651, o filho do donatário Vasco Coutinho decidiu fazer a primeira
modificação no local que resultou na edificação do Convento Nossa
Senhora da Penha - uma das mais belas construções do Brasil Colonial.
Atualmente, em função desse acontecimento, todo ano, oito dias após a
Páscoa, fiéis de todo o país se dirigem ao Convento para celebrar a
Festa da Penha.
Já a riqueza cultural do município é evidenciada por manifestações da
cultura popular brasileira, como as Bandas de Congo, que cumprindo a
tradição e o legado cultural deixado pelos seus descendentes, com muito
amor e originalidade mantêm a "Festa de São Benedito".