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quarta-feira, 21 de maio de 2014

O Diamante Bruto: Erick Silva


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução Gazeta Online
Assisti a luta de Erick Silva contra o norte-americano Matt Brown e confesso que, em determinados momentos, me perguntei se estava mesmo assistindo ao fenômeno capixaba do MMA. Neste dia tinha algo diferente…
Erick é apontado como uma promessa por todos os especialistas do esporte e me incluo nesse time e, principalmente, pelo dono da franquia UFC, Dana White.
Nitidamente e inexplicavelmente, Erick Silva cansou após um bom primeiro round. O final todos nós já sabemos… O americano venceu no terceiro assalto por nocaute técnico.
Depois da luta, o próprio Erick não entendeu o motivo do seu cansaço. Ele disse que foi uma das lutas que mais ele se preparou e que lutava cinco rounds com seus sparings e nenhum deles aguentava o seu ritmo nos treinos. Postava constantemente nas redes sociais que estava com mais “gás” do que todo mundo, porém o que se viu não foi isso. Como dizemos no futebol, “treino é jogo e jogo é guerra”.
Erick Silva é um cara jovem, com muito ímpeto e talvez a sua equipe tenha negligenciado um dos mais importantes fatores e que contribuem decisivamente para o resultado final de um esporte de grande pressão, o fator psicológico. Que fique claro que isso é a minha opinião, balizada em 30 anos de vida esportiva e de quem analisa à distância. Há um fenômeno relatado por vários atletas que nos dois ou três primeiros grandes esforços realizados em uma disputa o cansaço vem de uma forma avassaladora e inexplicável. Muitos atribuem esse fenômeno ao nível elevadíssimo de adrenalina que um atleta inicia uma competição. Os mesmos atletas, e me incluo nessa lista novamente, relatam que, logo após esse momento de incrível esforço, o nível de adrenalina dá uma diminuída e você volta ao seu condicionamento físico natural.
O que pode fazer com que o atleta não retorne a esse nível normal? A falta de experiência em dosar essa alta dose de adrenalina é a explicação mais comum e isso é trabalhado por nossos treinadores na parte psicológica. Não sabemos como isso é feito no dia  a dia do Erick, mas sabemos que este é um fator a ser trabalhado no mesmo grau de importância da parte física, técnica e tática. Remadores holandeses já haviam integrado esse treinamento psicológico à sua rotina diária, ainda nos anos 70. Negligenciar o psicológico é negligenciar uma das pernas ou braços de um atleta. Imaginem a pressão que é lutar para 10 ou 15 mil pessoas no ginásio e ainda saber que esta luta está sendo transmitida para milhões de pessoas do mundo inteiro? Imaginem saber que você é uma promessa que está em período de maturação para virar uma realidade? Imagine, imagine, imagine…
Somados a todos esses fatores destaco ainda o fato de Erick ser um nocauteador contumaz e que entra para, em poucos segundos, finalizar a luta, como já fez inúmeras vezes em sua carreira. Será que a estratégia escolhida foi a melhor? Com certeza, seria melhor contra atletas mais experientes dosar o “gás” no começo, apostando no que foi traçado taticamente nos treinos, utilizando a sua idade como fator diferencial para os rounds seguintes, já que Matt Brown tem 33 anos e Erick tem 29. Todo atleta sabe que quando passamos dos 30 anos as coisas ficam mais complicadas, do ponto de vista físico.
Por fim, o próprio Erick declarou não estar preparado para lutar com os Tops da categoria. Me permita discordar disso, meu caro Erick. Mesmo para aqueles que não entendem muito do esporte fica claríssimo que você é extraclasse e em breve será um fenômeno, pode anotar. Você tem o dom e precisa apenas, como todo diamante bruto, ser lapidado e tenho absoluta certeza, dará muitas alegrias a nós capixabas e brasileiros.
Fé, foco e treino, meu caro amigo!

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