O "amigão da galera", assim conhecido, é bamba de raiz, mas daqueles que fazem jus a nomenclatura. Filho de mãe portelense e de pai frequentador assíduo dos blocos da Praça Oito e do Parque Moscoso, no centro de Vitória, Ferreira, desde pequeno, saía no tradicional bloco "Reboliço de Santo Antônio". O pique, digno de batida de tamborim, deu gás para a iniciativa de resgatar o Carnaval de Vitória. E uma conversa com o então prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas (1999-2005) foi o ponto inicial.
"Tive um encontro com o então prefeito Luiz Paulo na Barra do Jucu, em Vila Velha, e falei que tinha um sonho de resgatar o carnaval. Falei que o Sambão estava abandonado e sugeri levá-lo para a Avenida Jerônimo Monteiro, porque a TV Capixaba bancaria a iniciativa, eu bancaria. Particularmente, sempre achei que para termos sucesso, o carnaval teria que vir uma semana antes da festa oficial. As classes A e B partem para Pernambuco, Rio, Bahia e esvaziavam nosso carnaval. Pensei em trazer essas classes, porque acham que carnaval no Espírito Santo é só para preto e pobre", disparou.
Ideia sugerida e aceita, Ferreira estaria entrando naquele momento para a história da cultura capixaba: o comunicador fez o carnaval mudar de dia e voltar a se tornar a maior festa de todo o Estado. "Logo em seguida surgiu o Botequim do Ferreira (TV Capixaba), que é uma febre, que todas as outras emissoras querem copiar. Tentam tirar o carnaval da gente, mas não vão conseguir. Os dois maiores eventos da história da nossa TV é o ‘Botequim’ e a transmissão do carnaval. E são os números que provam isso. Tem emissora por aí que não sabe distinguir tamborim de reco-reco", falou.
Com quase três horas de transmissão ao vivo semanais, o Botequim - preparação das escolas de samba em um verdadeiro programa de auditório, que surgiu há 12 anos e começou em estúdio, com 20 pessoas.
Assim como o Botequim, a transmissão do desfile não começou fácil. "O motoboy pegava uma fita cassete e levava para a TV quando a primeira escola estava terminando o desfile para a próxima. A gente não tinha link, não tinha nada. Aí aconteceu esse turbilhão", lembrou Ferreira.
TRANSMISSÃO E COMENTÁRIOS
Para 2014, Ferreira Netto se prepara para narrar a transmissão na sexta (21), para o Espírito Santo, e comentar no sábado (22) para todo o mundo com o sinal da Rede Bandeirantes, ao lado dos jornalistas Théo José e Patrícia Maldonado. "Tem gente que hoje ocupa lugar em TV no Estado e não sabe nem onde fica a Vila Rubim. E eu sou bairrista, tenho o compromisso de valorizar nossa terra durante a transmissão. O ES parece estado de forasteiro para quem vê de fora, e nós não devemos nada a nenhum outro lugar", ponderou.
Com mais de 100 pessoas envolvidas na transmissão HD, a TV Capixaba/Band espalhará mais de 20 câmeras pelo Sambão do Povo. Toda a equipe de reportagem será local.
Sobre as agremiações, Ferreira defende que Tradição Serrana e Rosas de Ouro deveriam ser fundidas e não desfilarem separadas. "A Serra não comporta duas agremiações, mesmo com terreno eleitoral grande. Em Vila Velha aceita-se duas porque entre MUG e São Torquato tem um espaço considerável", explicou.
Quanto ao crescimento da Boa Vista, o comunicador cita a organização da escola como eficiente e justifica o trabalho anual e social da MUG para a escola hoje ser comparada a Salgueiro (RJ), por exemplo. "Tem que haver uma contribuição das prefeituras e do governo estadual, mas a parcela de culpa não é só deles. Eles têm que trabalhar o ano todo como as grandes", opinou.
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