A repercussão do episódio sugere uma
divisão da liderança do processo entre Hartung e Casagrande. Essa
movimentação ainda não é notado nos meios políticos
A nota publicada na coluna Panorama Político do jornal O Globo
nessa quarta-feira (12) provocou leituras diferentes no Estado e criou
nos meios políticos a sensação de que se tratava de mais uma manobra do
grupo do ex-governador Paulo Hartung para se capitalizar no processo
eleitoral do Estado. Na nota, Hartung tenta passar a ideia de que o
palanque palaciano está perdendo espaço e força no processo eleitoral.
Para a classe política, a ideia de que Hartung tem musculatura para
influir nas articulações como liderança política capaz de desmontar o
processo de unanimidade que o governador Renato Casagrande criou não
convence.
A nota repercutiu na imprensa capixaba de forma divergente. No jornal A Tribuna,
a nota foi desmontada com a negativa dos presidentes dos partidos, que
negaram que haja qualquer racha do PMDB e PT com o PSB. Já no jornal A Gazeta,
a coluna Praça Oito seguiu o entendimento de que Renato Casagrande
estaria perdendo força política, como apontou a nota, e que estaria se
“esforçando” para “seduzir” o PT e o PMDB.
Além da coluna, o jornal traz a fala do presidente do PMDB capixaba,
deputado federal Lelo Coimbra, um dos principais aliados do
ex-governador Paulo Hartung. Lelo afirma ao jornal que o partido “não
descarta” permanecer no palanque de unanimidade de Renato Casagrande.
Nos meios políticos, porém, o cenário que se discute é contrário a essa
ideia de enfraquecimento ou racha. Há uma resistência dos quadros do
PMDB em lançar candidatura própria, até pela dificuldade de o grupo de
Hartung atrair as forças políticas que se aglomeram no palanque de
Casagrande. O grupo do ex-governador é que na verdade está isolado no
processo. Hartung estaria buscando formas de viabilizar sua candidatura
ao Senado, mas esbarra na pressão do PT nacional em garantir esse espaço
no palanque palaciano. Essa estratégia permitiria que o partido tenha
um candidato majoritário ao lado candidatura “neutra” de Renato
Casagrande.
Neste sentido, estaria sendo costurada com Casagrande uma articulação
para que a vaga seja do presidente do partido João Coser. Embora haja o
entendimento no mercado político de que Coser não hesitaria em abrir mão
da vaga para Hartung. Essa discussão estaria sendo feita com a
nacional.
Já no que diz respeito à candidatura do PMDB, também há muita
dificuldade em estabelecer o palanque do partido. Para o grupo de
Hartung, a composição ideal seria com o senador Ricardo Ferraço para o
governo e o ex-governador para o Senado, mas o PT nacional só aceita a
aliança desde que Hartung dispute o governo. O ex-governador, porém, sai
pela tangente quando o assunto é disputar uma eleição prevista para
dois turnos contra a o palanque palaciano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário